
Uma cidade inteligente é verde e uma cidade verde é inteligente!
Uma cidade verde inteligente é aquela que é bem governada e, inclusive, gerencia seus recursos ecológicos de maneira sustentável. É capaz de fornecer serviços eficientes, acessíveis e eficazes em termos de recursos a todos, principalmente para a população de baixa renda.
O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável – ODS 11 da Agenda 2030 objetiva: “Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis”
Essa sinergia: sustentável = inteligentes + verdes, funciona para beneficiar as cidades e apoia as agendas globais de desenvolvimento sustentável nas áreas de: infraestrutura e serviços de gerenciamento sustentável de resíduos; edifícios e infraestrutura ecológicos; mobilidade verde inteligente e; cidades inteligentes e resilientes ao clima.
Segundo as Nações Unidas – ONU, mais da metade da população mundial já reside em áreas urbanas – 3,5 mil milhões de pessoas – e essa tendência tende a se acentuar. Em 2050 este valor deverá ser de 70% da população mundial. Entretanto, as cidades ocupam apenas 3% da superfície do planeta, então a sua gestão adequada é fundamental para o desenvolvimento sustentável, uma vez que representam até 80% do consumo de energia e 75% das emissões de carbono.
Ainda segundo a ONU, 650 milhões de moradores poderão enfrentar a escassez de água, 1,6 bilhões de pessoas poderão lidar com o calor extremo e as áreas urbanas poderão sofrer mais de 700 bilhões de dólares por ano em perdas imobiliárias devido a inundações e o aumento do nível do mar.
Embora as cidades representem dois terços da atividade econômica global, segundo dados da ONU, o aumento da urbanização também traz consigo desafios significativos, especialmente no que diz respeito às emissões de carbono e seu impacto ambiental e climático negativo. De modo que repensar os ecossistemas urbanos e adotar sistemas de energia e transporte integrados e de baixo carbono podem reverter essa tendência.
O conceito de cidade sustentável combina as dimensões da sustentabilidade do desenvolvimento, da transição justa das forças de trabalho, da educação de qualidade e da geração de emprego de acordo com economias verdes e de baixas emissões, bem como da gestão dos impactos ambientais. Estas são cidades que são inclusivas e seguras para os residentes e resilientes aos impactos das alterações climáticas.
Mas porque precisamos de infraestrutura sustentável nos aspectos: sociais, ambientais e econômicos?
Nos Aspectos Sociais: O Brasil enfrenta um quadro de baixo crescimento, alto desemprego e retrocessos em indicadores sociais. Há necessidade urgente de capacitar a comunidade local e estimular o empreendedorismo; melhorar a saúde da comunidade reduzindo os gases do efeito estufa e a emissão de carbono; garantir disponibilidade e gestão sustentável de água e saneamento para todos e; criar infraestrutura resiliente e fomentar a inovação.
Nos Aspectos Ambientais: é preciso gerar ar mais limpo para a população; reduzir a produção de os resíduos sólidos; reduzir o impacto negativo do desenvolvimento no ecossistema; diminuir o consumo de energia para que a emissão de carbono seja reduzida; conservar os recursos naturais e, finalmente mas igualmente importante, reduzir o consumo de água, pois 650 milhões de pessoas poderão enfrentar escassez de água.
Nos Aspectos Econômicos: É preciso manter o crescimento e o emprego formal com renda compatível e embasar a economia em bases sustentáveis É preciso urgente promover o crescimento sustentável, emprego produtivo e trabalho decente para todos; garantir o acesso à energia barata e limpa para todos; reduzir o custo da energia e; reduzir o custo da água.
A melhoria da gestão e do planejamento, o desenvolvimento de capacidades, o planejamento territorial, o desenvolvimento e o acesso a infraestruturas resilientes e a gestão adequada das interações entre a cidade e o ambiente natural são alguns dos aspetos que viabilizam o progresso em direção a cidades verdes e sustentáveis.
Como Arquiteto e Urbanista que sou e consultor da ONU por 4 anos no programa PAGE – Parceria para Ação na Economia Verde (aquela que resulta em melhoria do bem-estar humano e igualdade social, ao mesmo tempo em que reduz significativamente os riscos ambientais e os desequilíbrios ecológicos), as áreas prioritárias para transformar cidades são:
1. Integração do crescimento verde no planejamento urbano, gestão e finanças, que envolvem:
- Planejamento estratégico de cidades verdes. Finanças municipais fortalecidas.
- Aumento de espaços públicos verdes.
- Edifícios verdes, habitações sustentáveis e de baixo custo.
2. Apoiar sistemas urbanos circulares e economias que envolvem:
- Gerenciamento aprimorado de resíduos sólidos.
- Acabar com o desperdício em energia.
- Meios de vida em bases locais, geração de empregos, investimentos locais;
- Promover novos modos de produção e consumo com uso de novas e econômicas tecnologias.
3. Infra-estrutura urbana e transporte sustentáveis que envolvem:
- Infraestrutura urbana adaptável e resiliente ao clima,
- Ecossistemas sustentáveis e serviços ecossistêmicos em áreas urbanas e periurbanas,
- Melhor qualidade do ar através de soluções de transporte.
Entendemos cidades sustentáveis como aquelas que alcançam a plena realização dos direitos dos seus habitantes, incluindo o acesso à habitação de qualidade, o acesso à água potável e ao saneamento, à segurança alimentar, à saúde, à segurança pública, à educação, às infraestruturas resilientes, à mobilidade e ao direito a um ambiente saudável, por desenvolvimento humano harmonioso e respeitoso com a natureza.
A construção verde refere-se tanto a uma estrutura quanto à aplicação de processos que são ambientalmente responsáveis e eficientes em termos de recursos ao longo do ciclo de vida de um edifício: do planejamento ao projeto, construção, operação, manutenção, renovação e demolição.
No Estado de Mato Grosso tivemos a oportunidade de buscar a sustentabilidade nas edificações mostrando um paradigma que adquire cada vez mais força, despertando o interesse de todos os setores ligados à área de construção civil, o setor que mais emprega mão de obra, os quais enxergam nele benefícios tanto ecológicos quanto sociais e econômicos, através PROJETO/PAGE: Implantar padrões de sustentabilidade para a Construção e Reforma de Prédios Públicos no Estado, com foco na eficiência energética e hídrica.
Este Estudo, cujo impacto direto permitirá:
1. Promover a execução de edifícios inteligentes e a renovação gradativa e sustentável dos edifícios públicos, evitando o desperdício de energia, água e outros recursos;
2. Promover para o governo de Mato Grosso uma estratégia de implementação de subsídios para a produção de normas que estabeleçam parâmetros e prazos para atendimento dos critérios para construções sustentáveis;
3. Estabelecer indicadores para monitoramento do desempenho dessas obras/reformas de acordo com os critérios estabelecidos;
O Governo de Mato Grosso quer suas cidades sustentáveis – resiliente aos impactos adversos das alterações climáticas- que identifiquem e reduzam as vulnerabilidades da sua população e aumentem a capacidade de adaptação, bem como gerenciem os riscos de desastres. Cidades que reduzam os impactos ambientais das suas atividades e promovam métodos de consumo e produção sustentáveis de acordo com as suas próprias condições territoriais, geográficas, sociais, econômicas e culturais.
O desenvolvimento de cidades sustentáveis é um desafio para os governos locais, mas também estadual. Nesse sentido, para enfrentar o caminho do planejamento integral e sustentável de uma cidade, o Governo do Estado de Mato Grosso, em parceria com a Assembleia Legislativa, por meio dos projetos da PAGE, identifica e recomenda a formulação de uma ferramenta prática de gestão para os municípios possam implementar com equipes próprias e de forma ágil.
A implantação dos Planos Diretores Participativos de Desenvolvimento Social, Econômico e Ambiental, conforme decreto 596 de 28/11/2023, além de alinhar o Plano Plurianual em 100% com os ODS, permitirá realizar um diagnóstico abrangente de todos os 141 municípios e das cidades através dos Planos Diretores Participativos, através de uma nova metodologia criada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD – que inclui municípios com população inferior a 20 mil habitantes, com foco na população urbana e rural, inclusive assentamentos. Identificando prioridades e traçando as linhas de trabalho para construir municípios sustentáveis e cidades resilientes, inclusivas e sustentáveis, pois se o modo de produção-consumo continuar como está, enfrentaremos grandes riscos climáticos até 2050.
Devemos agir agora para investir em infraestrutura resiliente ao clima e em um planejamento urbano e territorial inovador e participativo, para inclusive proteger a saúde humana e o bem estar de toda a população.
Como disse o poeta espanhol Don Antonio Machado: “Caminhante não há caminho, se faz caminho ao andar…” O Estado de Mato Grosso através de parcerias com o setor privado e com organizações não governamentais está criando seu caminho em prol da sustentabilidade e do combate às mudanças climáticas.
Que o direito a uma cidade sustentável com moradias dignas seja para todos o direito de se ter um lugar para se viver, morar e sonhar com dignidade, alegria e esperança.
Eduardo Cairo Chiletto
ProNatura Internacional
Diretor da Amazônia Legal
Excelente, Duda!! Estou repassando adiante a coluna!!
Aquele abraço
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