
Um futuro sustentável para a humanidade requer uma mudança no modelo de desenvolvimento econômico e social para que seja ambientalmente responsável. As mudanças climáticas já estão afetando o planeta e é preciso AGIR para evitar que o problema se agrave: Priorizando energias renováveis; Reduzindo o consumo de combustíveis fósseis; Reflorestando e conservando florestas; Investindo em eficiência energética; Apoiando empresas sustentáveis e; Participando de iniciativas comunitárias.
As mudanças climáticas são um desafio complexo que requer uma abordagem integrada e colaborativa. A educação ambiental é um componente essencial de uma estratégia eficaz para mitigar os impactos climáticos.
Os países com renda baixa e média sofrem impactos maiores do que os países ricos. Ou seja, os impactos climáticos não são distribuídos igualmente pelo mundo. Ao mesmo tempo, a crise climática também é marcada por desigualdades significativas dentro do próprio país, afetando significativamente os mais pobres e despossuídos. A crise climática começou a perturbar as sociedades humanas, afetando gravemente os fundamentos da subsistência humana e a organização social.
Pobreza e vulnerabilidade ao clima são perigos correlacionados em muitas regiões de baixa renda que estão enfrentando perdas de produtividade agrícola de 30%, o que devido às mudanças climáticas agrava ainda mais a pobreza e a insegurança alimentar. Segundo o Climate Inequality Report 2023, mais de 780 milhões de pessoas em todo o mundo estão atualmente expostas ao risco combinado de pobreza e de inundações graves, principalmente nos países em desenvolvimento.
As alterações climáticas contribuem para o desprovimento na economia e privações materiais de inúmeras maneiras, agora muito bem documentado. Isso agrava escassez de água e cria insegurança hídrica (Caretta et al., 2022). Aproximadamente metade da população mundial está atualmente exposta à escassez aguda de água. Mais de um quarto da população mundial não tem atualmente acesso a água potável segura em casa (World Health Organização e UNICEF, 2021).
Vários ecossistemas foram danificados irreversivelmente, com consequências potencialmente devastadoras para as comunidades que deles dependem diretamente, assim como seus meios de subsistência. Com o derretimento das geleiras, o aumento contínuo do nível do mar tornará grandes faixas de terra costeira inabitáveis e também representam sérios perigos para o fornecimento de água potável segura em muitas regiões do mundo.
As contribuições para as alterações climáticas são desiguais, com os mais ricos emitindo mais gases de efeito estufa do que os mais pobres. Os impactos das mudanças climáticas também são desiguais, com os mais pobres sendo os mais afetados. Sendo os 10% mais ricos do mundo responsáveis por 49% das emissões de gases de efeito estufa, enquanto os 10% mais pobres emitem apenas 1%.
Vale ressaltar que as periferias urbanas são mais vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas, como ondas de calor e desastres naturais. Sendo as mulheres, pessoas negras, povos indígenas, e comunidades tradicionais os mais afetados pelos desastres ambientais e pelas mudanças climáticas. Desta forma é necessário fazer uma transição energética que promova a justiça climática.
A política ambiental precisa incorporar considerações de desigualdade. A desigualdade na emissão de carbono entre ricos e pobres dentro de um país está aumentando, o que agrava a desigualdade global. Os mais ricos emitem muito mais carbono do que os mais pobres, o que contribui para o aquecimento global. Sociedades mais igualitárias são mais capazes de gerir os impactos das condições meteorológicas extremas.
O Acordo de Paris reconhece que a contribuições históricas para o aquecimento global são extremamente heterogêneas entre países e regiões do mundo. Por exemplo, a América do Norte e a Europa criaram metade de todos os GEE globais acumulados desde 1850. Fontes: Chancel (2022).
Consequências: (https://www.oxfam.org.br/noticias)
- As emissões dos mais ricos estão levando o planeta ao ponto de ruptura.
- As emissões dos mais ricos estão agravando a desigualdade.
- As emissões dos mais ricos estão alimentando a crise climática em todo o mundo.
- As emissões dos mais ricos estão colocando em risco a meta internacional de limitar o aquecimento global.
O Gráfico abaixo ilustra a contribuição diferenciada entre regiões nas emissões de GEE

Notas: “Os níveis de emissão na maioria das regiões de renda alta e média excedem orçamentos igualmente divididos em várias ordens de magnitude.As emissões médias em algumas regiões do Sul Global estão em linha ou muito próximas dos orçamentos compatíveis com um cenário de apenas 1,5ºC. Os valores incluem emissões embutidas no comércio internacional, mas excluem uso da terra, mudança no uso da terra e silvicultura”. Fonte: Chancel, 2022.
Então o que é preciso fazer? Eu acredito que se deve: responsabilizar os grandes poluidores; tributar quem ganha com atividades poluentes; criar novos sistemas que coloquem a prosperidade humana e planetária em primeiro lugar e; eliminar o uso dos combustíveis fósseis.
Vale aqui ressaltar que as emissões dos países mais ricos estão muito acima do que o necessário para limitar o aquecimento global. Ou seja, as emissões dos 10% mais ricos do mundo podem levar ao superamento da meta de 2030. As atuais metas climáticas são insuficientes, e, se cumpridas, vão levar a um aquecimento de 2,5ºC em 2030. Acima dos 1,5º C estabelecidos.
Vale ressaltar que o Brasil, que detém a maior biodiversidade do planeta. Com sua riqueza ambiental e potencial de inovação, tem tudo para ser um catalisador dessa mudança e contribuir para que a COP30 marque o início de uma nova era de sinergia entre nações, organizações e sociedade. Com os países se comprometendo coletivamente a reduzir 42% das emissões anuais de gases de efeito estufa até 2030. Com os governos baseando as NDCs – Contribuições Nacionalmente Determinadas em um planejamento setorial robusto. E é necessário um apoio internacional mais forte e um financiamento climático aprimorado.
Importante dizer que os maiores emissores de CO2 são a China, os Estados Unidos, a União Europeia e a Índia. Sendo que os EUA e a Rússia têm as emissões per capita mais altas entre os 10 maiores emissores. E os 10 maiores emissores são responsáveis por 76% das emissões globais de CO2.
O consumo excessivo de produtos com materiais não biodegradáveis, o descarte incorreto dos materiais e o desmatamento desenfreado são alguns dos reflexos da ausência de consciência sustentável, o que resulta em poluição do ar, das águas e demais ambientes, estimulando drásticas mudanças climáticas.
Quanto mais extraímos mais esgotamos e mais contribuímos para o aquecimento do nosso planeta terra. Sem a capacidade de ter na água o seu curso hidrológico de forma saudável e natural, o planeta aquece. Se em 5 dias da semana você trocar o carro pela caminhada ou pela bike em trechos de 4km, em um ano evitará emissões gases equivalentes à da geração de energia elétrica que mantém 4 lâmpadas de LED acesas por 6 horas/dia ao longo de 21 anos.
As mudanças climáticas podem reduzir a renda global. Um estudo publicado na revista Nature em abril de 2024 prevê uma queda de 19% na renda média global até 2050. Importante salientar que o estudo prevê que o Brasil será um dos países mais impactados, com reflexos negativos acima da média mundial. As mudanças climáticas podem agravar a pobreza no mundo. Os custos de moradia, alimentos, energia, transporte e assistência médica devem aumentar nas próximas décadas.
Importante salientar que a crise climática também é uma crise de saúde. A saúde humana está profundamente interligada com o clima do nosso planeta e a saúde da biosfera. À medida que os impactos das crises climáticas e naturais aumentam, também aumentam as consequências para a saúde.
Conforme está no site do PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento: Como as mudanças climáticas afetam nossa saúde?
Doenças infecciosas: A mudança climática está inaugurando uma era de novos e intensificados surtos de doenças e pandemias. Vetores, incluindo mosquitos portadores de doenças, já estão se espalhando para regiões onde nunca estiveram presentes antes. Inundações extremas agravam a disseminação de doenças transmitidas pela água, como cólera, e o aumento das temperaturas deve causar um aumento de 20% nos casos de dengue, zika e chikungunya. Até 2040, a disseminação da malária sozinha pode colocar 5 bilhões de pessoas em risco .
Clima severo: Eventos climáticos extremos, como tempestades, inundações e deslizamentos de terra, causaram mais de dois milhões de mortes entre 1970 e 2021, com mais de 90% ocorrendo em países de baixa e média renda. Como resultado, eles aumentam a demanda por serviços de saúde e, ao mesmo tempo, ameaçam a capacidade do setor de saúde de fornecer serviços e cuidados de qualidade.
Calor extremo: As mudanças climáticas estão causando ondas de calor mais frequentes e intensas. Por exemplo, estima-se que quase 50.000 vidas foram perdidas na Europa em 2023 devido ao calor extremo. Sob nossa trajetória atual, cerca de 2 bilhões de pessoas serão expostas ao calor severo até 2100.
Desnutrição: Os efeitos diretos das mudanças climáticas na saúde são agravados por impactos indiretos das mudanças climáticas, como a perda do suprimento de alimentos — ligada a secas, inundações, mudanças de estação — que podem criar e agravar problemas nutricionais. Uma nova análise de 103 países mostra que dias de calor extremo, aumentando em frequência e intensidade de seca devido às mudanças climáticas, foram responsáveis por cerca de 98 milhões de pessoas a mais relatando insegurança alimentar moderada a grave em 2020 do que a média no período entre 1981–2010.
Poluição do ar: A queima de combustíveis fósseis é a principal causa das mudanças climáticas, mas também é responsável pela poluição do ar. 99% do mundo está respirando em níveis considerados inseguros pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A poluição do ar está associada a um aumento em várias doenças crônicas, como câncer e doenças cardíacas e respiratórias, e pode agravar seriamente as condições existentes. A OMS estima que a poluição do ar é responsável por cerca de 6,7 milhões de mortes anualmente.
O pedágio mental: Seja trauma, doença mental e sofrimento em resposta a enchentes, tempestades e incêndios florestais, ou os impactos crônicos na saúde mental da escassez de água e alimentos, conflitos e migrações, além de pandemias mais frequentes e graves, a mudança climática tem implicações generalizadas e alarmantes para a saúde mental. Até 2030, o custo adicional de transtornos mentais devido a mudanças nos riscos relacionados ao clima, poluição do ar e acesso inadequado a espaços verdes é estimado em quase US$ 47 bilhões anualmente.
Vale ressaltar que os impactos das mudanças climáticas na saúde e no bem-estar humanos são exacerbados por um ciclo vicioso de desigualdades, afetando desproporcionalmente as pessoas mais vulneráveis e marginalizadas da sociedade, incluindo mulheres, crianças (especialmente meninas), idosos, pessoas com deficiência, povos indígenas, trabalhadores informais e ao ar livre e pessoas que vivem na pobreza ou em locais remotos.
Então o que pode ser feito para limitar os impactos das mudanças climáticas na saúde? É preciso que os governos integrem políticas climáticas e de saúde. Inclusive um número crescente de atores, incluindo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), está pedindo uma ação coordenada entre setores para aliviar os impactos da mudança climática na saúde. Na COP28 em 2023, 148 governos de países endossaram a inovadora Declaração da COP28 sobre Clima e Saúde.
Isso implica, por exemplo, levar a saúde em consideração ao elaborar a próxima rodada de Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), prevista para 2025. Atualmente, apenas 32% dessas promessas climáticas nacionais mencionam especificamente o setor da saúde e observam resultados de saúde relacionados ao clima ou medidas de adaptação.
Os Governos podem lidar com os impactos das mudanças climáticas na saúde: criando planos de contingência para desastres socioambientais; monitorando a situação de saúde; elaborando planos de resposta em casos de emergência em saúde pública; subsidiando a definição de indicadores para mensurar os impactos e resultados da implementação de planos e; elaborando guias para orientar profissionais de saúde.
E cada pessoa pode apoiar ações que limitem os impactos das mudanças climáticas na saúde:
- Reduzindo o consumo de combustíveis fósseis, como petróleo e gasolina;
- Priorizando o uso de energias renováveis, como solar, eólica e biomassa;
- Caminhando, andando de bicicleta ou usando o transporte público;
- Consumindo mais alimentos de origem local e da estação;
- Reduzindo o desperdício de comida;
- Plantando árvores;
- Apoiando a preservação de áreas verdes;
- Incentivando a economia local;
- Reduzindo a produção de lixo;
- Fazendo pressão política para que empresas e políticos locais reduzam a poluição por carbono.
Vale ressaltar que dentre os muitos legados deixados pelo Papa Francisco, falecido no dia 21/04/2025, no Vaticano, está a defesa do meio ambiente e do equilíbrio climático global, incluindo duas encíclicas. O Papa Francisco participou de uma iniciativa TED Talk (palestra curta e impactante) em outubro de 2020, com vídeo em que fala do “imperativo moral em agir em relação às mudanças climáticas”. Em outubro de 2021 o Papa Francisco disse: “Herdamos um jardim: não devemos deixar um deserto aos nossos filhos”.
Em outubro de 2023 – Papa Francisco publica a segunda Encíclica que fala do tema ambiental e das mudanças climáticas. Com o tema “A Todas as Pessoas de Boa Vontade Sobre a Crise Climática”, a Encíclica Laudato Deum “atualiza” a Laudato Si, de 2015, oferece uma reflexão mais aprofundada sobre as causas e consequências da crise ambiental, relaciona a crise do clima com aumento da pobreza e desigualdades, pede urgência e nos chama à AÇÃO.
Papa Francisco, o defensor do meio ambiente e do equilíbrio climático. E volto a dizer: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer” (Geraldo Vandré: Para não dizer que não falei das flores).
Eduardo Cairo Chiletto
Muito bom o texto, mas acho que ficaria melhor se tivesse o conteudo dividido em 2. Acredito que a saúde deveria ter ido em outro texto.
Abs