O “Laudate Deum” (Louvado seja Deus, em latim), é uma exortação apostólica do saudoso Papa Francisco, lançada em outubro de 2023, que aborda a crise climática e apela à ação global. O documento enfatiza a urgência da crise, a origem humana das mudanças climáticas e a necessidade de uma resposta rápida e eficaz. 

Laudate Deum traz a tona a urgência climática e convoca para ação política pela transição energética, pelo fim da cultura do descarte e por relações mais justa, O imperativo do saudoso Papa Francisco é para que o ser humano se reposicione ao lado das demais criaturas para louvar a Deus na construção de um novo futuro comum.

Louvado seja o Senhor, que nos confiou a terra como casa comum, morada de todos os povos e gerações. Mas atualmente esta casa geme, ferida pela exploração irresponsável, pelas indústrias poluentes, pelas guerras e pela indiferença de políticos diante da dor dos mais vulneráveis.

Seguem os principais pontos abordados pela “Laudate Deum“:

• Crise climática: O saudoso Papa Francisco afirma que a crise climática é real, inegável e causada pela atividade humana, com danos irreversíveis já ocorrendo. 
• Origem humana: O documento reforça a posição científica de que as mudanças climáticas são principalmente causadas pelas ações humanas, como o uso de combustíveis fósseis e o desmatamento.
• Urgência da situação: O saudoso Papa alerta para o risco de o mundo se aproximar de um ponto de ruptura devido ao aquecimento global e seus efeitos negativos.
• Chamado à ação: O documento convoca todas as pessoas de boa vontade a se unirem na busca por soluções, enfatizando a importância da transição para energias renováveis e a necessidade de ações políticas. 

Ou seja, o “Laudate Deum” é um chamado à ação para enfrentar a crise climática, destacando a urgência da situação e a necessidade de uma resposta global, com foco na responsabilidade humana e na busca por soluções sustentáveis. 

Como inclusive está no documentário da Netflix: A Vida no Nosso Planeta, onde a Terra suportou cinco grandes eventos apocalípticos, cada um deles dizimando mais de 3/4 de toda a vida. E tudo indica que, através das mudanças climáticas, estamos caminhando para a sexta grande extinção em massa. Pois só nos últimos 50 anos, as populações de vida selvagem reduziram em cerca de 70% em média.

Como publicado na Casa Comum: Os cientistas alertam para o ritmo cada vez mais acelerado das mudanças provocadas sobre o equilíbrio climático devido às transformações da própria sociedade sobre o meio natural: temos até 2030 para limitar o aquecimento global a menos de 1,5 grau Celsius, indicam os especialistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). É urgente minimizar os efeitos do antropocentrismo sem freios.

Vale ressaltar que a mudança climática é um fato, e seus efeitos já não são previsões distantes, mas realidades presentes: secas, enchentes, migrações forçadas, perda de biodiversidade. Tudo clama por conversão, por justiça, por ação imediata. O grito da terra e o grito dos pobres são um só. Não podemos continuar a viver como se isso fosse apenas um problema técnico: trata-se de uma questão moral, espiritual e profundamente humana.

Importante dizer que os compromissos internacionais, embora louváveis, carecem de coragem e coerência. Muitos acordos climáticos são esquecidos ou esvaziados por interesses econômicos. Uma economia que mata não pode ser colocada acima do bem comum e da vida no planeta.

Cuidar da criação é um ato de amor a Deus e ao próximo. Rezemos e atuemos juntos. Que a fé nos leve a um compromisso concreto com a ecologia integral. Que não sejamos cristãos de palavras, mas discípulos que vivem o Evangelho também no cuidado com o clima e com os pobres. Como fez a Madre Tereza de Calcutá, conhecida internacionalmente como uma freira defensora da paz e que realizou ações de caridade em benefício dos pobres – por seu trabalho humanitário. Foi a fundadora da ordem Missionárias da Caridade, que cuidava de pobres, órfãos e doentes. Ela recebeu o Nobel da Paz, em 1979, por seu trabalho.

Vale ressaltar que o saudoso Papa Francisco se superou, iluminando os ensinamentos sobre as mudanças climáticas com surpreendente didatismo. Pregando contra o catastrofismo habitual sobre o fim do planeta, ele resgata a esperança que há na fraternidade e clama por mudanças no estilo de vida ocidental. A “conversão ecológica”, que valoriza boas relações entre as pessoas, com a natureza e com Deus, movimenta as juventudes cristãs, os cientistas, os políticos, os ateus e adeptos de outras religiões.

O imperativo do saudoso Papa Francisco é para que o ser humano se reposicione ao lado das demais criaturas para louvar a Deus na construção de um novo futuro comum. O compromisso de cuidar da casa comum nasce da fé cristã.

Vale ressaltar que a “Laudate Deum” e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU compartilham objetivos comuns: promover um desenvolvimento sustentável que garanta a saúde do planeta e o bem-estar humano. Embora a “Laudate Deum” não mencione especificamente os ODS, o documento está alinhado com muitos deles, como: 

• ODS 13 (Ação Contra a Mudança Global do Clima): A “Laudate Deum” aborda a urgência da crise climática e a necessidade de ação para mitigar seus efeitos. 
• ODS 12 (Consumo e Produção Responsáveis): O documento critica a cultura do descarte e a necessidade de um uso mais consciente dos recursos naturais. 
• ODS 10 (Redução das Desigualdades): A “Laudate Deum” reconhece que a crise climática afeta mais as populações mais vulneráveis, evidenciando a relação entre desigualdade e sustentabilidade. 
• ODS 15 (Proteger a Vida Terrestre): O documento reforça a importância do cuidado com a casa comum e a necessidade de proteger a biodiversidade. 

Importante mais uma vez ressaltar que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são interligados, formando uma agenda global para um futuro mais sustentável. As ações em um ODS geram impactos positivos em outros, destacando a necessidade de uma abordagem integrada para alcançar todos os objetivos. 

A “Laudate Deum” pode ser vista como um chamado para a ação em direção aos ODS, incentivando a sociedade a assumir um compromisso mais profundo com a sustentabilidade em todas as suas dimensões. Assim como a “Laudate Deum” não é apenas uma continuação da “Laudato Si'”, mas sim um aprofundamento do cuidado com a casa comum, com um foco especial na crise climática e suas consequências. 

Desta forma, pessoas com forte convicção religiosa se sentem impelidas a agir em relação às mudanças climáticas, vendo isso como uma forma de cumprir sua responsabilidade para com Deus e a criação.

Eduardo Cairo Chiletto