ODS 1: Erradicação da Pobreza – Mudanças Climáticas.

Conforme publicado pelo Instituto Humanista Unisinos: “O cenário contemporâneo das mudanças climáticas é marcado por uma complexidade que transcende os limites ambientais, afetando diretamente as estruturas sociais globais. A emergência climática não apenas agrava condições meteorológicas e ambientais, mas também amplifica desigualdades sociais preexistentes, impactando desproporcionalmente as populações mais vulneráveis“. 

Desta forma, a erradicação da pobreza e o combate às mudanças climáticas estão intrinsecamente ligados, com as mudanças climáticas agravando a pobreza e as desigualdades sociais. As mudanças climáticas afetam a segurança alimentar, a saúde, a infraestrutura e a capacidade de desenvolvimento das comunidades, especialmente as mais vulneráveis

Segundo a ONU – Organização das Nações Unidas: “Mais de 690 milhões de pessoas vivem com menos de US$ 2,15 por dia. ONU propõe novo consenso global para combater insegurança econômica, desigualdade persistente e colapso da confiança social”. A principal conclusão do Relatório Mundial Social de 2025, divulgado pelas Nações Unidas é: “As conquistas sociais alcançadas nas últimas décadas estão sob risco diante de uma combinação perigosa de crises econômicas, conflitos, mudanças climáticas e desigualdade crescente“.

Seguem alguns impacto das Mudanças Climáticas na Pobreza:

  • Segurança Alimentar: As mudanças climáticas afetam a produção agrícola, aumentando a insegurança alimentar e a pobreza, especialmente em regiões dependentes da agricultura. 
  • Saúde: Eventos climáticos extremos, como ondas de calor, inundações e secas, podem levar a doenças, mortes e perdas econômicas. 
  • Infraestrutura: As mudanças climáticas podem danificar a infraestrutura, como estradas e pontes, dificultando o acesso a serviços e aumentando a vulnerabilidade das comunidades. 
  • Desenvolvimento: As mudanças climáticas podem reduzir a produtividade, afetar a capacidade de investimento e dificultar o desenvolvimento econômico. 

Existe uma interligação entre a Erradicação da Pobreza e as Mudanças Climáticas. São elas:

  • Desigualdades: As mudanças climáticas afetam desproporcionalmente os mais pobres, que são os mais vulneráveis aos impactos dos eventos climáticos.
  • Ciclo Vicioso: A pobreza pode aumentar a vulnerabilidade às mudanças climáticas, enquanto as mudanças climáticas podem aumentar a pobreza, criando um ciclo vicioso.
  • Necessidade de ações conjuntas: Combater a pobreza e as mudanças climáticas exige ações coordenadas, que abordem as causas e os impactos de ambos os problemas. 

E o que podemos fazer?

  • Políticas de adaptação: Implementar políticas de adaptação que ajudem as comunidades mais vulneráveis a lidar com os impactos das mudanças climáticas, como sistemas de alerta precoce e infraestrutura resiliente. 
  • Políticas de mitigação: Reduzir as emissões de gases de efeito estufa para limitar o aumento da temperatura global e mitigar os impactos das mudanças climáticas. 
  • Desenvolvimento sustentável: Promover o desenvolvimento sustentável que priorize a redução da pobreza, a proteção do meio ambiente e a justiça social. 
  • Cooperação internacional – ODS 17: Fortalecer a cooperação internacional para compartilhar conhecimentos, tecnologias e recursos financeiros para apoiar o combate à pobreza e às mudanças climáticas. 

É importante construir a resiliência dos pobres e daqueles em situação de vulnerabilidade, e reduzir a exposição e vulnerabilidade destes a eventos extremos relacionados com o clima e outros choques e desastres econômicos, sociais e ambientais. A pobreza ou a falta de recursos pode limitar significativamente as capacidades adaptativas das comunidades, tornando-as desproporcionalmente suscetíveis a choques climáticos. Criar marcos políticos sólidos em todos os níveis, com base em estratégias de desenvolvimento sustentável a favor dos pobres, para apoiar investimentos acelerados nas ações de erradicação da pobreza e nas mudanças climáticas.

Ainda segundo o relatório da ONU, a crise climática é outro fator que impede o avanço na erradicação da pobreza. O relatório aponta que os 50% mais pobres do planeta são responsáveis por apenas 12% das emissões globais de carbono, mas sofrem 75% das perdas relativas de renda em decorrência de eventos climáticos extremos.

Vale ressaltar que o levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), feito em 2021, apontou que o Brasil possuía mais de 62 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza, dos quais quase 18 milhões se encontravam em situação de extrema pobreza. Com base nesses números, foi possível compreender que entre cada 10 brasileiros, “aproximadamente 03 (três) viviam abaixo da linha da pobreza e 01 (um) em condição de extrema pobreza”.

E a erradicação da pobreza infantil extrema foi afetada por pandemias e mudanças climáticas. Segundo o relatório “Global Trends in Child Monetary Poverty According to International Poverty Lines”, divulgado este ano pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e o Banco Mundial, estima-se que uma em cada seis crianças em todo o mundo viva em situação de pobreza extrema, o que representaria aproximadamente 333 milhões de crianças.

As mudanças climáticas representam uma ameaça crescente à saúde pública, exacerbando desigualdades já existentes e colocando em risco principalmente as populações vulneráveis. Segundo estudos recentes, a crise climática tem aumentado a frequência e intensidade de eventos extremos como ondas de calor e inundações, impactando desproporcionalmente comunidades pobres e marginalizadas. Em 2022, as elevadas temperaturas foram responsáveis pela morte de mais de 61 mil indivíduos na Europa (Rocha, 2023; Vicedo-Cabrera et al, 2021; Ballester et al, 2022).

Importante destacar que o objetivo do ODS 1 – Erradicação da pobreza é: Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares. Conforme abaixo:

  • 1.1 Até 2030, erradicar a pobreza extrema para todas as pessoas em todos os lugares, atualmente medida como pessoas vivendo com menos de US$ 1,90 por dia.
  • 1.2 Até 2030, reduzir pelo menos à metade a proporção de homens, mulheres e crianças, de todas as idades, que vivem na pobreza, em todas as suas dimensões, de acordo com as definições nacionais.
  • 1.3 Implementar, em nível nacional, medidas e sistemas de proteção social adequados, para todos, incluindo pisos, e até 2030 atingir a cobertura substancial dos pobres e vulneráveis.
  • 1.4 Até 2030, garantir que todos os homens e mulheres, particularmente os pobres e vulneráveis, tenham direitos iguais aos recursos econômicos, bem como o acesso a serviços básicos, propriedade e controle sobre a terra e outras formas de propriedade, herança, recursos naturais, novas tecnologias apropriadas e serviços financeiros, incluindo microfinanças.
  • 1.5 Até 2030, construir a resiliência dos pobres e daqueles em situação de vulnerabilidade, e reduzir a exposição e vulnerabilidade destes a eventos extremos relacionados com o clima e outros choques e desastres econômicos, sociais e ambientais.
  • 1.a Garantir uma mobilização significativa de recursos a partir de uma variedade de fontes, inclusive por meio do reforço da cooperação para o desenvolvimento, para proporcionar meios adequados e previsíveis para que os países em desenvolvimento, em particular os países menos desenvolvidos, implementem programas e políticas para acabar com a pobreza em todas as suas dimensões.
  • 1.b Criar marcos políticos sólidos em níveis nacional, regional e internacional, com base em estratégias de desenvolvimento a favor dos pobres e sensíveis a gênero, para apoiar investimentos acelerados nas ações de erradicação da pobreza.

Vale ressaltar que o ODS 1 não foi atingido no Brasil, com apenas 8,2% das metas dos ODS sendo cumpridas, e a meta 1.1 ainda longe de ser alcançada

Próximo artigo será: ODS 2: Fome Zero e Agricultura Sustentável – Mudanças Climáticas. E volto a dizer: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer” (Geraldo Vandré: Para não dizer que não falei das flores).

Eduardo Cairo Chiletto

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About Eduardo Cairo Chiletto

Arquiteto e Urbanista - Presidente da Academia de Arquitetura e Urbanismo-MT. Coordenador Nacional de Projetos da PAGE - Brasil (2018 - 2023). Secretário de Estado de Cidades-MT (2015-2016)... Conselheiro e Vice-presidente do CAU/MT - Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Mato Grosso (2015-2017)
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