
Cerca de 181 milhões de crianças com até cinco anos de idade em todo o mundo estão em situação de pobreza alimentar infantil grave, o que significa que uma em cada quatro crianças no mundo enfrenta esse problema. Além disso, dados da ONU indicam que mais de 700 milhões de pessoas passam fome no mundo.
Segundo o UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância: As crianças que vivem nesse nível de pobreza alimentar têm até 50% mais chances de sofrer de má nutrição com risco de vida. Essa é a realidade de milhões de crianças pequenas, e isso pode ter um impacto negativo irreversível em sua sobrevivência, crescimento e desenvolvimento cerebral, disse a diretora executiva do UNICEF, Catherine Russell. “Crianças que consomem apenas dois grupos de alimentos por dia, por exemplo, arroz e um pouco de leite, têm até 50% mais chances de experimentar formas graves de má nutrição.”
A Fome Zero, Agricultura Sustentável e as Mudanças Climáticas estão interligadas e são temas cruciais para um futuro mais sustentável. A agricultura sustentável é fundamental para garantir a segurança alimentar e a segurança nutricional, especialmente diante das mudanças climáticas, que impactam a produção de alimentos e a disponibilidade de recursos naturais.
A Organização das Nações Unidas estabeleceu como objetivo, até 2030, erradicar a fome e garantir o acesso a alimentos nutritivos para todos, em particular os mais vulneráveis. A agricultura sustentável busca aumentar a produtividade, fortalecer a resiliência das culturas às mudanças climáticas, melhorar a qualidade do solo e preservar os ecossistemas.
Fome Zero e Agricultura Sustentável:
- Produção Sustentável: A agricultura sustentável busca aumentar a produtividade, fortalecer a resiliência das culturas às mudanças climáticas, melhorar a qualidade do solo e preservar os ecossistemas.
- Ações: A agricultura familiar, a diversificação de cultivos, o uso racional dos recursos naturais e a adoção de tecnologias mais eficientes são exemplos de práticas que contribuem para a agricultura sustentável e a segurança alimentar.
- Redução de Desperdícios: A redução do desperdício de alimentos, desde a produção até o consumo, também é importante para evitar a fome e garantir a disponibilidade de alimentos.
- Acesso a Alimentos: É crucial garantir que as pessoas tenham acesso a alimentos saudáveis e nutritivos, especialmente em comunidades rurais.
Seguem 3 (três) aspectos das Mudanças Climáticas e Segurança Alimentar:
- Impactos Negativos: As mudanças climáticas, com eventos extremos (secas, inundações, ondas de calor), afetam a produção de alimentos, prejudicam a segurança alimentar e aumentam a vulnerabilidade das comunidades.
- Adaptabilidade: É preciso desenvolver práticas agrícolas mais resilientes às mudanças climáticas, como a utilização de variedades de plantas mais adaptadas às novas condições.
- Mitigação: A agricultura sustentável, com práticas como o uso de fertilizantes orgânicos, a agrofloresta e o plantio direto, pode contribuir para a redução das emissões de gases de efeito estufa e o sequestro de carbono.
Ações importantes que devem ser realizadas de forma conjunta:
- Política Pública: É fundamental que os governos implementem políticas públicas que apoiem a agricultura sustentável, promovam a segurança alimentar e combatam o desperdício de alimentos.
- Engajamento da Sociedade: A sociedade civil também tem um papel importante, ao consumir produtos de origem local, apoiar a agricultura familiar e reduzir o desperdício de alimentos.
- Inovação Tecnológica: É preciso investir em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias que permitam aumentar a produtividade da agricultura sustentável e reduzir o impacto das mudanças climáticas.
- Educação e Conscientização: Como já dito em artigos anteriores… É fundamental que as pessoas sejam educadas sobre a importância da agricultura sustentável, da segurança alimentar e das mudanças climáticas.
Ao atuar de forma conjunta, é possível construir um futuro mais sustentável, com Fome Zero, Agricultura Sustentável e um planeta mais resiliente às mudanças climáticas.
Importante destacar que o objetivo do ODS 2 – Fome zero e agricultura sustentável é: Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável. Cujas metas são:
- 2.1 Até 2030, acabar com a fome e garantir o acesso de todas as pessoas, em particular os pobres e pessoas em situações vulneráveis, incluindo crianças, a alimentos seguros, nutritivos e suficientes durante todo o ano.
- 2.2 Até 2030, acabar com todas as formas de desnutrição, incluindo atingir, até 2025, as metas acordadas internacionalmente sobre nanismo e caquexia em crianças menores de cinco anos de idade, e atender às necessidades nutricionais dos adolescentes, mulheres grávidas e lactantes e pessoas idosas.
- 2.3 Até 2030, dobrar a produtividade agrícola e a renda dos pequenos produtores de alimentos, particularmente das mulheres, povos indígenas, agricultores familiares, pastores e pescadores, inclusive por meio de acesso seguro e igual à terra, outros recursos produtivos e insumos, conhecimento, serviços financeiros, mercados e oportunidades de agregação de valor e de emprego não agrícola.
- 2.4 Até 2030, garantir sistemas sustentáveis de produção de alimentos e implementar práticas agrícolas resilientes, que aumentem a produtividade e a produção, que ajudem a manter os ecossistemas, que fortaleçam a capacidade de adaptação às mudanças climáticas, às condições meteorológicas extremas, secas, inundações e outros desastres, e que melhorem progressivamente a qualidade da terra e do solo.
- 2.5 Até 2020, manter a diversidade genética de sementes, plantas cultivadas, animais de criação e domesticados e suas respectivas espécies selvagens, inclusive por meio de bancos de sementes e plantas diversificados e bem geridos em nível nacional, regional e internacional, e garantir o acesso e a repartição justa e equitativa dos benefícios decorrentes da utilização dos recursos genéticos e conhecimentos tradicionais associados, como acordado internacionalmente.
- 2.a Aumentar o investimento, inclusive via o reforço da cooperação internacional, em infraestrutura rural, pesquisa e extensão de serviços agrícolas, desenvolvimento de tecnologia, e os bancos de genes de plantas e animais, para aumentar a capacidade de produção agrícola nos países em desenvolvimento, em particular nos países menos desenvolvidos.
- 2.b Corrigir e prevenir as restrições ao comércio e distorções nos mercados agrícolas mundiais, incluindo a eliminação paralela de todas as formas de subsídios à exportação e todas as medidas de exportação com efeito equivalente, de acordo com o mandato da Rodada de Desenvolvimento de Doha.
- 2.c Adotar medidas para garantir o funcionamento adequado dos mercados de commodities de alimentos e seus derivados, e facilitar o acesso oportuno à informação de mercado, inclusive sobre as reservas de alimentos, a fim de ajudar a limitar a volatilidade extrema dos preços dos alimentos.
Conclusão: Para enfrentar a fome de forma duradoura, é essencial considerar as mudanças climáticas como uma variável central. O combate à fome e a luta contra o aquecimento global não são agendas separadas — elas devem caminhar juntas, por meio de políticas públicas integradas que aliem justiça social, sustentabilidade e inclusão.
Importante destacar que de acordo com um estudo do Movimento ODS Santa Catarina em 2013, 77,42% dos domicílios brasileiros estavam em situação de segurança alimentar, enquanto 22,58% viviam em insegurança alimentar. Entretanto, em 2024, 27,6% dos domicílios (21,6 milhões) ainda enfrentam algum grau de insegurança alimentar, sendo que 4,1% (3,2 milhões) estão em situação grave, segundo o IBGE. Ou seja: com restrição severa no consumo de alimentos, afetando todos os moradores, incluindo crianças.
Próximo artigo será: ODS 3: Saúde e Bem-Estar – Mudanças Climáticas. E volto mais uma vez a dizer: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer” (Geraldo Vandré: Para não dizer que não falei das flores).
Eduardo Cairo Chiletto