
Segundo a ONU – Organização das Nações Unidas, as mudanças climáticas causam riscos à saúde de 70% dos trabalhadores. De acordo com relatório, as consequências podem incluir câncer, doenças cardiovasculares, doenças respiratórias, disfunções renais e problemas de saúde mental.
As mudanças climáticas têm impactos significativos na saúde e no bem-estar, tanto de forma direta, como eventos climáticos extremos (ondas de calor, inundações, etc.), quanto indireta, através de alterações nos ecossistemas e na disseminação de doenças. Além disso, a saúde mental pode ser afetada pela ansiedade e estresse relacionados ao clima.
Alguns impactos diretos:
- Eventos climáticos extremos: Ondas de calor, inundações, secas e incêndios florestais podem causar ferimentos, mortes e desordem social, com impactos na saúde física e mental.
- Poluição do ar: Aumenta a concentração de poluentes, como ozônio, que irritam as vias respiratórias e agravam doenças como asma e bronquite.
- Doenças infecciosas: As mudanças climáticas podem alterar a distribuição geográfica de vetores de doenças, como mosquitos, e afetar a qualidade da água e alimentos, aumentando a incidência de doenças infecciosas como malária, dengue e outras arboviroses (doenças causadas por vírus transmitidos principalmente por artrópodes, como mosquitos e carrapatos).
No Brasil, as arboviroses mais comuns são dengue, zika, chikungunya e febre amarela, todas transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti em áreas urbanas.
Também causam impactos indiretos:
- Mudanças nos ecossistemas: Alterações nos ecossistemas podem afetar a disponibilidade de alimentos, água e outros recursos, impactando a segurança alimentar e a saúde.
- Saúde mental: A ansiedade e o estresse relacionados ao clima, como a “ecoansiedade”, podem levar a transtornos mentais, como ansiedade, depressão e transtornos de estresse pós-traumático.
As mudanças climáticas também podem afetar a produção de alimentos, levando a insegurança alimentar e desnutrição, com impactos na saúde e bem-estar. A perda de meios de subsistência, a exposição a eventos climáticos extremos e a incerteza sobre o futuro podem afetar negativamente a saúde mental e o bem-estar. A poluição do ar, a escassez de água e a proliferação de doenças infecciosas podem ter impactos significativos na saúde física.
Desta forma, para lidar com as mudanças climáticas e seus impactos na saúde, é fundamental:
- Mitigar: Reduzir as emissões de gases de efeito estufa, como a mudança para energias renováveis, a melhoria da eficiência energética e a adoção de práticas sustentáveis.
- Adaptar: Tomar medidas para proteger a população de eventos climáticos extremos, como sistemas de alerta precoce, construção de infraestruturas resilientes e melhoria dos serviços de saúde.
- Fortalecer a saúde: Promover a saúde mental e o bem-estar, através de atividades físicas, alimentação saudável, apoio social e acesso a serviços de saúde mental.
- Educar e conscientizar: Aumentar o conhecimento sobre as mudanças climáticas e seus impactos, incentivando ações individuais e coletivas para enfrentar os desafios.
Segundo o relatório divulgado pela OIT (Organização Internacional do Trabalho), agência da ONU, cerca de 70% dos trabalhadores no mundo estão expostos a riscos de saúde relacionados às mudanças climáticas. O documento afirma que as mudanças climáticas estão impactando a segurança e a saúde de trabalhadores de todas as regiões do mundo. A OIT estima que mais de 2,4 bilhões de trabalhadores estarão expostos ao calor excessivo em algum momento do seu trabalho.
Segundo a CNN Brasil: De acordo com o documento, o impacto das alterações climáticas inclui:
- 15 mil mortes relacionadas ao trabalho por ano devido à exposição a doenças parasitárias e transmitidas por vetores;
- 1,6 bilhões de trabalhadores expostos à radiação UV, com mais de 18.960 mortes anuais por câncer de pele não melanoma relacionado ao trabalho;
- 1,6 bilhões de pessoas expostas à poluição atmosférica no local de trabalho, resultando em até 860 mil mortes anuais relacionadas ao trabalho ao ar livre;
- Mais de 870 milhões de trabalhadores agrícolas provavelmente expostos a pesticidas, com mais de 300 mil mortes anuais atribuídas ao envenenamento por pesticidas.
Vale ressaltar que conforme citado no documento, a legislação brasileira aponta que o trabalho deve ser interrompido nos casos em que a temperatura subir acima de 29,4 ºC, para o trabalho de baixa intensidade; acima de 27,3 ºC, para o trabalho de intensidade moderada; e 24,7 ºC, para o trabalho de intensidade muito alta.
Importante destacar que o objetivo do ODS 3 – Saúde e Bem-Estar é: Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades. Cujas metas são:
- 3.1 Até 2030, reduzir a taxa de mortalidade materna global para menos de 70 mortes por 100.000 nascidos vivos;
- 3.2 Até 2030, acabar com as mortes evitáveis de recém-nascidos e crianças menores de 5 anos, com todos os países objetivando reduzir a mortalidade neonatal para pelo menos 12 por 1.000 nascidos vivos e a mortalidade de crianças menores de 5 anos para pelo menos 25 por 1.000 nascidos vivos;
- 3.3 Até 2030, acabar com as epidemias de AIDS, tuberculose, malária e doenças tropicais negligenciadas, e combater a hepatite, doenças transmitidas pela água, e outras doenças transmissíveis;
- 3.4 Até 2030, reduzir em um terço a mortalidade prematura por doenças não transmissíveis via prevenção e tratamento, e promover a saúde mental e o bem-estar;
- 3.5 Reforçar a prevenção e o tratamento do abuso de substâncias, incluindo o abuso de drogas entorpecentes e uso nocivo do álcool;
- 3.6 Até 2020, reduzir pela metade as mortes e os ferimentos globais por acidentes em estradas;
- 3.7 Até 2030, assegurar o acesso universal aos serviços de saúde sexual e reprodutiva, incluindo o planejamento familiar, informação e educação, bem como a integração da saúde reprodutiva em estratégias e programas nacionais;
- 3.8 Atingir a cobertura universal de saúde, incluindo a proteção do risco financeiro, o acesso a serviços de saúde essenciais de qualidade e o acesso a medicamentos e vacinas essenciais seguros, eficazes, de qualidade e a preços acessíveis para todos;
- 3.9 Até 2030, reduzir substancialmente o número de mortes e doenças por produtos químicos perigosos, contaminação e poluição do ar e água do solo;
- 3.a Fortalecer a implementação da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco em todos os países, conforme apropriado;
- 3.b Apoiar a pesquisa e o desenvolvimento de vacinas e medicamentos para as doenças transmissíveis e não transmissíveis, que afetam principalmente os países em desenvolvimento, proporcionar o acesso a medicamentos e vacinas essenciais a preços acessíveis, de acordo com a Declaração de Doha, que afirma o direito dos países em desenvolvimento de utilizarem plenamente as disposições do acordo TRIPS sobre flexibilidades para proteger a saúde pública e, em particular, proporcionar o acesso a medicamentos para todos;
- 3.c Aumentar substancialmente o financiamento da saúde e o recrutamento, desenvolvimento e formação, e retenção do pessoal de saúde nos países em desenvolvimento, especialmente nos países menos desenvolvidos e nos pequenos Estados insulares em desenvolvimento;
- 3.d Reforçar a capacidade de todos os países, particularmente os países em desenvolvimento, para o alerta precoce, redução de riscos e gerenciamento de riscos nacionais e globais de saúde.
No Brasil, em relação ao ODS 3, metas específicas como a redução da taxa de mortalidade materna (RMM) e infantil, por exemplo, apontam para um progresso, mas que ainda requer esforços significativos para alcançar as metas da Agenda 2030.
Próximo artigo será: ODS 4: Educação de Qualidade e Mudanças Climáticas. E não canso de dizer: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer” (Geraldo Vandré: Para não dizer que não falei das flores).
Eduardo Cairo Chiletto