As Manifestações de Junho/2013 e as eleições de 2014 em Mato Grosso.

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Existe um ditado popular que meu falecido e amado pai dizia e que em nosso estado de Mato Grosso, assim como em boa parte do país, se repete muito: “Para bom entendedor, meia palavra basta… Um pingo é letra”.

Há pouco mais de um ano grande parte da população saiu às ruas para protestar, indignada, com a precariedade e falta de: transporte público e mobilidade urbana, educação de qualidade, gestão democrática e participativa, desenvolvimento urbano sustentável, saneamento ambiental, segurança pública, trabalho e distribuição de renda, reforma urbana, saúde pública, entre outras políticas…

Em resposta, à época, o governo brasileiro anunciou medidas para tentar atender às reivindicações dos manifestantes e, dentre elas, o Congresso Nacional votou a Lei de autoria do Senador Pedro Taques que tornava a corrupção crime hediondo e arquivou a chamada PEC 37 que proibia investigações pelo Ministério Público. Na ocasião, proibiu o voto secreto em processos de cassação de mandato de legisladores acusados de irregularidades.

Entretanto, ainda foi pouco… Muito pouco! Tivemos paciência com as alarmantes notícias das obras de infraestrutura para a Copa do Mundo da FIFA, envolvendo corrupção, desvio de recursos, obras mal feitas, interditadas, viadutos caindo e por aí vai…

Mas finalmente era chegada a hora… As eleições de 2014 para Deputados Estaduais, Deputados Federais, Senadores, Governador e Presidente da República. As amarras seriam cortadas… “Libertas quae sera tamen” – da bandeira do Estado de Minas Gerais – Liberdade ainda que tardia.

Poderia ter sido perfeitamente a bandeira que levaríamos no peito para as urnas na hora do voto – “Libertas quae sera tamen respexit inertem”– A liberdade que, embora tardia, todavia se apiedou de mim na minha inércia. Uma expressão extraída da primeira Écloga de Virgílio.

As manifestações que vimos nas ruas em 2013 e que alguns participaram diretamente, foram a recusa da representação política e a demanda por uma “democracia real”, um esquema democrático de ação política mais pleno e mais participativo.

E o que vivos depois das eleições em Mato Grosso? Para a Assembleia Legislativa, infelizmente, uma renovação pífia de 46%.

O desejo de mudanças de 2013 não se fez sentir na democracia representativa para a Assembleia do Estado de Mato Grosso, nem tampouco para a Câmara Federal e para o Senado… As mudanças esperadas por muitos não se concretizaram!!!

Os cinco deputados mais votados, os que têm maior possibilidade de serem eleitos para a presidência e mesa diretora daquela casa, representam a continuidade de todo esse processo nocivo à sociedade, que refletiu para Mato Grosso na segunda pior educação – ensino médio – de todo o Brasil, no descaso com a saúde pública e segurança pública, entre ouras tantas políticas, inclusive a fiscal.

Nossa maior esperança de transformação da Assembleia Legislativa, a candidata Adriana Vandoni, que representava a real mudança naquela casa que se diz do “povo”, não conseguiu os votos necessários… E nosso Mato Grosso, o gigante do agronegócio que tinha acordado, voltou a dormir?

Não!!! Não dormiu, mas a população não saiu às ruas. Desta vez o eleitor, através dos altíssimos índices de abstenção, votos em branco e nulos, disse NÃO ao sistema político vigente no país.

Para deputado estadual 34,93% dos eleitores não votaram, votaram em branco ou anularam seus votos, o que correspondeu a 704.160 votos. Para deputado federal o percentual é ainda maior, 36,68%. Para Senador é alarmante, o índice é 43,40%, ou 846.673 eleitores não votaram, anularam ou votaram em branco. Esses não votos aos candidatos correspondem a um percentual maior que aquele obtido pelo segundo colocado, quando se trata de votos válidos (40,36%), além de representar mais que a soma de toda a população de Cuiabá e Várzea Grande juntas.

Para o governo do Estado de Mato Grosso 36,57% dos eleitores não votaram, anularam ou votaram em branco.

Neste túnel sem luz que o cidadão e cidadã mato-grossense se encontram, eis que surge uma saída, uma luz e uma grande e pujante esperança… A eleição de Pedro Taques para Governador.

Uma grande responsabilidade recai sobre o governador eleito e sua equipe… Pedro Taques representa a mudança!!! Com ele nasce e se renovam, tendo como base a honestidade, a eficiência, a transparência e a equidade, valores sobre os quais estruturou seu Plano de Governo, as esperanças e a confiança de que dias melhores hão de vir.

Para Adriana Vandoni, um pedido dentre os seus 9.369 eleitores… Continue sua luta!!! A política, a ética e os mato-grossenses precisam de você, por que… “Para quem sabe ler, pingo é letra”.

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About Eduardo Cairo Chiletto

Arquiteto e Urbanista - Presidente da Academia de Arquitetura e Urbanismo-MT. Coordenador Nacional de Projetos da PAGE - Brasil (2018 - 2023). Secretário de Estado de Cidades-MT (2015-2016)... Conselheiro e Vice-presidente do CAU/MT - Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Mato Grosso (2015-2017)
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2 Responses to As Manifestações de Junho/2013 e as eleições de 2014 em Mato Grosso.

  1. Avatar de José Antonio José Antonio disse:

    Importante artigo, que eu completaria com a séria questão (para mim vergonhosa) da ocultação das listas dos candidatos nas eleições proporcionais por partido ou coligação. Nessa ocultação está a mágica que faz com que tudo permaneça como sempre esteve. Quem votamos não são os que elegemos, e ao povo não é explicado como as eleições proporcionais funcionam. O povo ainda leva a culpa. Descrente, a primeira saída é a abstenção, muito bem registrada por você neste artigo. Qual será o próximo passo?

    • Verdade Zé… Você vem alertando para isso faz muito tempo. Tenho acompanhado seus artigos e o TSE e TRE não mostram e divulgam como funcionam as eleições proporcionais de forma clara e didática, e onde nosso voto foi parar… Muito boa sua observação.

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